segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Percepção dos Enfermeiros sobre a importância do uso dos Equipamentos de Proteção Individual para Riscos Biológicos em um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

Link:
http://www.scamilo.edu.br/pdf/mundo_saude/58/31a38.pdf

Psicologia do Desenvolvimento

O desenvolvimento humano

O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua. Estas são as formas de organização da atividade mental que vão-se aperfeiçoando e se solidificando até o momento em que todas elas. Algumas dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda a vida.

A importância do estudo do desenvolvimento humano

Esse estudo é compreender a importância do estudo do desenvolvimento humano. Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as características comuns de uma faixa etária. Planejar o que e como ensinar implica saber quem é o educando. Existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, próprias de cada faixa etária.

Fatores que influenciam o desenvolvimento humano

Hereditariedade – a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não desenvolver-se. A inteligência pode desenvolver-se de acordo com as condições do meio em que se encontra.
Crescimento orgânico – refere-se ao aspecto físico.
Maturação neurofisiológica – é o que torna possível determinado padrão de comportamento.
Meio – o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do indivíduo.

Aspectos do desenvolvimento humano

Aspecto físico-motor - refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica. Ex.: A criança que leva a chupeta à boca.
Aspecto intelectual – é a capacidade de pensamento, raciocínio. Ex.: A criança de 2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está em baixo de um móvel.
Aspecto afetivo-emocional – é o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. A sexualidade faz parte desse aspecto. Ex.: A vergonha que sentimos em algumas situações.
Aspecto social – é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas. Ex.: Quando em um grupo há uma criança que permanece sozinha.
Não é possível encontrar um exemplo “puro”, porque todos estes aspectos relacionam-se permanentemente.

A teoria do desenvolvimento humano de jean piaget

Este autor divide os períodos do desenvolvimento de acordo com o aparecimento de novas qualidades do pensamento.
Neste período, o que de mais importante acontece é o aparecimento da linguagem. Como decorrência do aparecimento da linguagem, o desenvolvimento do pensamento se acelera. A interação e a comunicação entre os indivíduos são as conseqüências mais evidentes da linguagem. Um dos mais relevantes é o respeito que a criança nutre pelos indivíduos que julga superiores a ela. Neste período, a maturação neurofisiológica completa-se, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, como a coordenação motora fina – pegar pequenos objetos com as pontas dos dedos, segurar o lápis corretamente e conseguir fazer os delicados movimentos exigidos pela escrita.

Período das operações concretas
(a infância propriamente dita – 7 a 11 ou 12 anos)
Nessa idade a criança está pronta para iniciar um processo de aprendizagem sistemática. A criança adquire uma autonomia crescente em relação ao adulto, passando a organizar seus próprios valores morais. A grupalização com o sexo oposto diminui. A criança, que no início do período ainda considerava bastante as opiniões e idéias dos adultos, no final passa a enfrentá-los.

Período das operações formais
(a adolescência – 11 ou 12 anos em diante)
É capaz de lidar com conceitos como liberdade, justiça, etc. É capaz de tirar conclusões de puras hipóteses. O alvo de sua reflexão é a sociedade, sempre analisada como possível de ser reformada e transformada. No aspecto afetivo, o adolescente vive conflitos.

Juventude: projeto de vida
A personalidade começa a se formar no final da infância, entre 8 a 12 anos. Na idade adulta não surge nenhuma nova estrutura mental, e o indivíduo caminha então para um aumento gradual do desenvolvimento cognitivo.

Texto gentilmente cedido por Juvenal Santana

domingo, 31 de julho de 2011

MANUAL DE CURATIVOS

Link:
http://www.santacasago.org.br/docs/ccih_manual_de_curativos.pdf

CICATRIZAÇÃO DAS FERIDAS

O estudo do mecanismo de cicatrização, juntamente com a investigação da resposta metabólica ao trauma e dos processos infecciosos relacionados aos procedimentos cirúrgicos, permitiu a inauguração da atual fase "científica" da cirurgia. Hoje, os avanços da biologia molecular estão permitindo o estudo e o conhecimento de todas as etapas da cicatrização, o que permitirá que, em um futuro próximo, o cirurgião seja capaz de interferir neste processo.
O processo de cicatrização humano tem como objetivo limitar o dano tecidual e permitir o restabelecimento da integridade e função dos tecidos afetados. Não há, no entanto, retorno ao estado prévio, uma vez que a cicatrização se faz pela deposição de tecido conjuntivo específico, não havendo regeneração tecidual (formação de tecido idêntico histologicamente ao lesado), como ocorre em seres filogeneticamente inferiores.
CLASSIFICAÇÃO
De forma geral, todas as feridas podem ser divididas em:
    1. agudas, em que o processo de cicatrização ocorre de forma ordenada e em tempo hábil, determinando resultado anatômico e funcional satisfatório;
    2. crônicas (como as úlceras venosas e de decúbito), onde este processo não ocorre de forma ordenada, estacionando na fase inflamatória, o que impede sua resolução e a restauração da integridade funcional.
Quanto ao mecanismo de cicatrização, as feridas podem ser classificadas em:
Fechamento primário ou por primeira intenção
Ocorre, classicamente, nas feridas fechadas por aproximação de seus bordos, seja por sutura com fios, clipes ou fita, ou ainda pela utilização de enxertos cutâneos ou fechamento com retalhos. Caracteriza-se por rápida reepitelização e mínima formação de tecido de granulação, apresentando o melhor resultado estético. Este método é empregado geralmente em feridas sem contaminação e localizadas em áreas bem vascularizadas.
FECHAMENTO DE PRIMEIRA INTENÇÃO
Fechamento secundário ou por segunda intenção ou espontâneo
Neste tipo, as feridas são deixadas propositadamente abertas, sendo a cicatrização dependente da granulação e contração da ferida para a aproximação das bordas. Exemplos incluem biópsias de pele tipo punch, queimaduras profundas e feridas infectadas (contagem bacteriana acima de 105 colônias/grama de tecido):
Quadro de uma cicatrização por segunda intenção. Acima: cicatrização por segunda intenção numa ferida aberta não infectada. A fenda é primeiramente preenchida por tecido de granulação, o qual se contrai e torna-se uma cicatriz. Abaixo: cicatrização por segunda intenção em uma ferida infectada (as setas vermelhas representam as bactérias). A ferida é preenchida com tecido de granulação, o qual produz pus até as bactérias serem eliminadas. Depois disso o tecido de granulação contrai e produz uma cicatriz.
Fechamento primário tardio ou por terceira intenção
São as feridas deixadas abertas inicialmente, geralmente por apresentarem contaminação grosseira A ferida infectada é manejada com desbridamentos repetidos e antibioticoterapia. Após alguns dias de tratamento local, a ferida é fechada mecanicamente através de sutura, enxertos cutâneos ou retalhos. O resultado estético obtido é intermediário.

PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO
Para uma melhor compreensão, e sobretudo memorização, a cicatrização será descrita em fases, que sugerem uma cronologia rígida, o que não ocorre. Na realidade, todas as etapas apresentam grande sobreposição, devendo o processo ser encarado como um mosaico e não como uma "linha de produção".
Classicamente, a cicatrização de feridas pode ser dividida em três fases:
                1. hemostatica - inflamatória,
                2. proliferativa
                3. maturação.
A) Fase inflamatória

A fase inflamatória é dominada por dois processos:
          1. hemostasia
          2. resposta inflamatória aguda.
Ambos têm por objetivo limitar a extensão da lesão tecidual através do controle das lesões à microvascularização, do combate à contaminação bacteriana e do controle do acúmulo de debris celulares. Em feridas não complicadas por infecção, esta fase dura de um a quatro dias.
Começa com vasoconstrição dos vasos lesados, ativação de celulas endoteliais e agregação de plaquetas. nessas duas celulas tem um papel fundamental, porque vão eliberar os mediatores de coagulação. Os fibroblastos e os macrofagos são os principais envolvidos no processo de cicatrização
As celulas endoteliais liberam ciclooxigenase e leucotrienas. de um lado, a ciclooxigenase vem liberando as prostaglandinas, com papel em vasodilatação e tambem
O estímulo que deflagra o processo de cicatrização é a lesão do endotélio vascular, com exposição de fibras subendoteliais de colágeno do tipo IV e V que promovem agregação e ativação plaquetária. As plaquetas ativadas liberam várias citocinas, sendo estas responsáveis pela orquestração de todo o reparo tecidual. Os principais mediadores incluem o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), o fator de crescimento beta de transformação (TGF-beta) e o fator de crescimento insulina-símile (IGF-1). Os grânulos densos liberam serotonina, que aumenta a permeabilidade capilar. Ocorre também ativação do sistema de coagulação, tanto pela via intrínseca como pela extrínseca. A ativação das proteínas de coagulação tem como objetivo formar a fibrina, que envolve estabiliza o tampão plaquetário. A "malha" de fibrina servirá de sustentação para as células endoteliais, células inflamatórias e fibroblastos.
De fato, o coagulo tem a maior importancia nesta primeira fase de cicatrização. Se analisar um coagulo, vamos ver que ele contem, fora de plaquetas e colageno, fibronectina e trombina. Se o coagulo formado não esta de qualidade, quer dizer, se a primeira fase de proteção dos tecidos que foram expóstos pelo ferimento não esta satisfatoria, o ferimento vai cicatrizar muito dificil.
Os pacientes que tem deficiencia de fator XIII, por exemplo, o que e o fator estabilizador de fibrina, não formam coagulo de boa qualidade. As celulas reparatorias não conseguem se fixar e "trabalhar" no local da ferida.


Após a hemostasia ser atingida com a formação do trombo, ocorre a migração de polimorfonucleares (PMN), atraídos para o sítio da ferida através da ação quimiotáxica de alguns mediadores: fração do complemento C5a, leucotrienos C4 e D4, interleucina 1 (IL-1) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa). A vasodilatação, ocasionada por serotonina e histamina, também facilita a passagem dos leucócitos dos capilares para a ferida.
Os PMN são responsáveis pela "limpeza" de debris celulares e pela fagocitose de bactérias presentes naquele microambiente; estas células produzem diversas citocinas fundamentais na condução do processo e exercem suas funções através da liberação de proteases (como elastase e colagenase), radicais livres derivados do oxigênio e substâncias bactericidas como a catepsina G (que age desestabilizando a parede celular bacteriana).
Quanto maior o número de PMN atraídos para a ferida, maior a produção de citocinas e substâncias citotóxicas. Assim, o desbridamento precoce de feridas infectadas diminui o estímulo quimiotáxico, fenômeno que resulta em um menor recrutamento de neutrófilos, o que determina resposta inflamatória mais branda, traduzida por cicatrização mais rápida e com melhor resultado estético.
Os monócitos circulantes também são recrutados da circulação para participar do processo de reparo das lesões teciduais. Uma vez no sítio da ferida operatória, diferenciam-se em macrófagos, células centrais no controle da fase inflamatória e proliferativa. Os macrófagos não só dão continuidade as funções de "limpeza" da ferida operatória, como também são responsáveis pela liberação de diversas citocinas que regulam o processo de síntese dos componentes do tecido cicatricial (TGF-beta, FGF, EGF e IGF- 1). Estas células também promovem a liberação de outras citocinas que modulam o processo inflamatório, como a IL-l, TNF-alfa, INF-gama.
Os macrófagos ativados também liberam radicais livres (na presença de IL-2), que possuem importante atividade bactericida. tambem, na fase final ele chega a digerir os PMN-s restantes por ali. Eles tambem secreta uma serie de substancias que fazem com que os fibroblastos tambem sejam atraidos para a região local (os fibroblastos que vão produzir colageno e finalmente, cicatriz.
Dentre varias substancias que o macrofago produz, uma que e extremamente importante e GMCFF (fator de crescimento de colonias leucocitarias). Hoje esse produto usa-se no tratamento dos pacientes oncologicos, com leucopenia. GRANULOKINE e uma substancia utilizada hoje nos pacientes leucopenicos e que tem justamente esta função. Ela estimula a medula ossea, produzindo substancias de celulas de defesa para os pacientes que são leucopenicos.
O oxido nitrico sintetase, agente muito forte contra o estafilococoo aureu tambem esta sintetizada pelo macrofago.
Outro tipo celular que é encontrado na fase inflamatória é o linfócito, principalmente nas feridas com contaminação bacteriana importante, com presença de corpos estranhos ou com grandes quantidades de tecido desvitalizado. Normalmente, o macrófago processa antígenos (bacterianos ou proteínas do hospedeiro degradadas enzimaticamente) e as apresenta ao linfócito. Este fenômeno leva a proliferação linfocítica e a produção de citocinas por estas células. Os linfócitos T produzem interferon-gama (INF-gama). Este mediador estimula os monócitos a liberar uma quantidade enorme de citocinas, como a IL-l e o TNF-alfa. Por inibir a síntese do colágeno, o INF-gama pode ser um importante mediador humoral presente nas feridas abertas que não evoluem.
O fim do processo inflamatorio.
Dentro de uma semana, a fase inflamatoria começa a regredir, pórque não pode continuar muito tempo (perigo de autodigestão). Se a contaminação ja esta controlada, limpeza dos debris celular ja foi feita, se a produção de proetases, radicais livres de oxigenio e tal enzimas vai continuar indefinidamente, vai começar a digerir tecido normal.
A lipoxina suprime a quimiotaxia a diapedese, a degranulação celular, sendo uma outra etapa importante, suprimindo, praticamente o ataque contra a agressão ja resolvida. A lipoxina e uma substancia secretada no momento que existe um equlibrio e uma conlucração entre os macrofagos e as plaquetas. Uma sem outra não pode secretar esta lipoxina, uma sem outra não pode parar a inflamação.
Uma vez cessada a fase de inflamação, as celulas com tarefa de fibroplasia começam a chegar. De fato, trata-se de macrofagos. De fato, trata-se de macrofagos transformados, especializados - se podemos falar assim - ele chega aqui por causa dos quimiotacrtores plaquetarios ja mencionados.

B) Fase proliferativa

A fase de reparação depende de dois fatores importantes:
          • angiogenese
          • fibroplasia
As duas implicam o macrofago.
Segue-se então, sob a ação das citocinas, a proliferação de fibroblastos na ferida, geralmente derivados de células do tecido conjuntivo adjacente, dando início ao processo de fibroplasia (síntese de colágeno). Estas células iniciam a síntese dos componentes da matriz extra-celular, inicialmente rica em ácido hialurônico e colágeno dos tipos I e III.
A fibroplasia e estimulada pelo fator FDF (fator do crescimento fibroblastico), PDGF, TGF - IL e TNF alfa e IL 1.
O colágeno é uma macromolécula de estrutura complexa, uma tripla hélice cuja estabilidade é conseguida através da ligação entre aminoácidos característicos das fibras de colágeno: a hidroxiprolina e hidroxilisina. Estes aminoácidos sofrem hidoxilação durante a "montagem" da fibra de colágeno, através da ação de hidroxilases que dependem do ácido ascórbico (vitamina C) como co-fator.
Mais de 13 tipos de fibras de colágeno podem ser encontradas nos tecidos. Sua síntese é estimulada pela TGF-beta e IGF-1, sendo inibidores da fibroplasia o INF-gama e os glicocorticóides.
Simultaneamente, ocorre a proliferação de células endoteliais, com a formação de rica vascularização (angiogênese), e infiltração densa de macrófagos, formando então o tecido de granulação. O processo de angiogênese é estimulado por diversas citocinas como heparina, fator de crescimento vascular macrofagico (VEGF) fator de crescimento de fibroblastos (FGF), TGF-beta e pela própria hipóxia tecidual.
Para a angiogenese o macrofago produz duas substancias - o fator de crescimento vascular derivado do endotelio (VEGF) e o fator de crescimento do fibroblasto (FGF).
O VEGF e uma das mais pesquisadas substancias na oncologia de hoje. Os tumores, para crescer, precisam de vasos de sangue - o que e estimulasdo pelo VEGF, a tumor sendo, finalmente um tecido de neoformação. As drogas de ultima linha, hoje, para o tratamento das metastases são anticorpos monoclonais sintetizados contra este VEGF. Infelizmente, um tal paciente não vai poder mais ser operado, ate que o efeito dos anticorpos de VEGF não vai passar.
Ocorre também síntese dos componentes da matriz extra-celular (MEC), que cada vez mais vêm se mostrando importante no processo de cicatrização. Os GAG, como o ácido hialurônico e a fibronectina, servem como suporte para as células envolvidas no processo, além de facilitar a interação entre as citocinas e suas células-alvo.
Com a evolução do processo, ocorre modificação bioquímica da matriz extra-celular, havendo, por exemplo, alteração na composição do colágeno, com diminuição na proporção de colágeno tipo III em relação ao tipo I aproximando-se da composição da derme normal. Este fenômeno é intenso e macroscopicamente visível na cicatrização por segunda intenção, sendo discreto clinica e funcionalmente no fechamento por primeira intenção. Inicia-se a epitelização, ativando-se os queratinocitos ao limite do ferimento, Os queratinocitos vão migrar por isso, o que tambeme estimulado pelo quimiotaxia fibroblastica.

Minutos após a lesão, tem início a ativação dos queratinócitos nas bordas da ferida, fenômeno que representa a fase de epitelização. Ocorre proliferação da camada basal, com migração dos queratinócitos por sobre a matriz extra-celular. Estes, por sua vez, sintetizam laminina e colágeno do tipo IV, formando a membrana basal.
Finalmente, o colageno vai susbtituir a matriz provisoria, formada de proteoglicanos (a ex-matriz mais friavel, sem resistencia) finalizando a cicatriz.
Os queratinócitos então assumem configuração mais colunar e iniciam proliferação em direção vertical, arrastando com eles tecido necrótico e corpos estranhos, separando-os da ferida. Assim que a integridade da camada epitelial da ferida é alcançada, as células formam hemidesmossomas (junções firmes e impermeáveis) e iniciam a produção de queratina.

C) Fase de maturação

O último passo no processo de cicatrização é a formação do tecido cicatricial propriamente dito, que histologicamente consiste em tecido pouco organizado, composto por colágeno e pobremente vascularizado. O processo de remodelamento da ferida implica no equilíbrio entre a síntese e a degradação do colágeno, redução da vascularização e da infiltração de células inflamatórias, até que se atinja a maturação da ferida.
Este processo é longo, e pode ser avaliado clinicamente através da força tênsil da ferida, indicador da quantidade de tração que o tecido cicatricial consegue suportar. Em torno da terceira semana, uma ferida cutânea atinge 30% da força tênsil da pele normal, aumentando rapidamente até a sexta semana; a partir desta data, o ganho é bem menos pronunciado, atingindo, no máximo, 80% da força da pele integra. Por melhor que seja a cicatrização, o maximo que vai conseguir da força tensil de uma ferida vai ser 80%. Então esta vai ficar uma região de fraqeuza. Evidente, porem que se a contração da ferida e eficiente, vou ter menor superficie exposta, então, menor risco. Tecidos diferentes apresentam velocidades de maturação distintas, como por exemplo a bexiga, que em três semanas alcança 95% de sua força tênsil prevista.
A contração da ferida é um dos principais fenômenos da fase de maturação. Durante o processo, as bordas são aproximadas, pressionando tecido normal adjacente para a região da ferida - o resultado observado é uma redução da quantidade de cicatriz desorganizada e, com isto, um melhor resultado estético (no caso do fechamento primário) ou processo cicatricial mais rápido (no caso do fechamento por segunda intenção).
A contração caracteriza-se pelo movimento centrípeto da pele nas bordas da ferida, impulsionada pela ação dos miofibroblastos. Estas células são fibroblastos presentes no tecido de granulação que sofrem diferenciação, apresentado estruturas com actina-miosina semelhantes às encontradas na célula muscular. TGF beta e PGDF estimulam a contração miofibroblastica.
Na maioria dos casos, o fenômeno de contratilidade é um aliado do cirurgião, permitindo cura rápida e estética em situações em que as feridas são deixadas abertas, como por exemplo nas intervenções proctológicas.
No entanto, em algumas situações, o processo de contração da ferida pode transformar-se em poderoso inimigo, como por exemplo nos casos de queimaduras e traumatismos extensos, quando a contração leva a deformidade estética ou funcional (acometimento da pele adjacente a articulações). Nestes casos, o fenômeno é denominado de contratura, e não contração.
Maturação e remodelação
TGF beta e uma das melhores substancias para remodelação, sendo uma citoquina que funciona melhor ainda por feto, explicando como os tecidos do feto são reparados 100% casi que o feto sofre uma trauma (diferente de adulto, que repara com cicatriz qualquer ferimento). Provavelmente que as pesquisas futuras vão ser beneficas para tratamento das doenças tipo fibrose cistica , cirrose - geralmente as doenças pelo hiper-cicatrização.
O TGF-beta dirige, praticamente a formação da matriz definitiva, o que demora, geralmente 7-14 dias.
De fato, o processo consta num engrossamento da matriz fraca, que vira uma matriz constituida, forte, substituinda a fibronectina e o proteoglicano do coagulo, passando a ter a estrutura de colageno.
CITOCINAS E CICATRIZAÇÃO
O estudo das citocinas, substâncias responsáveis pela orquestração de todas as complexas etapas descritas acima, representa o grande avanço do estudo da cicatrização, uma vez que permitirá que o cirurgião abandone a posição de espectador, atuando e modulando o processo cicatricial para o beneficio do paciente.
Porém a compreensão de todo o processo ainda está longe de ser atingida, já que as citocinas são em grande número e apresentam várias e intrincadas interações, exibindo diversas funções e várias células-alvo.
Além das citocinas descritas, várias outras estão presentes, como as interleucinas, o TNF-alfa e o INF-gama.
A principal citocina envolvida na cicatrização é a TGF-beta, uma vez que se encontra presente em todas as fases do processo cicatricial. Determinadas isoformas de TGF-beta são expressas em células de cicatrizes quelóides. Os fibroblastos de cicatrizes hipertróficas produzem uma maior quantidade da isoforma 1 da TGF-beta.
Ensaios clínicos demonstraram que a aplicação tópica acelera a cicatrização; por outro lado, seu uso excessivo estaria envolvido na formação de quelóides e cicatrizes hipertróficas.
Estudos com anticorpos dirigidos contra o TGF-beta estão em andamento; esta terapia, quando plenamente desenvolvida, facilitará o manejo futuro de cicatrizes hipertróficas e quelóides.


FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO
Infecção
A causa mais comum no atraso do processo cicatricial é a infecção da ferida operatória.
Quando a contaminação bacteriana ultrapassa a cifra de 105 unidades formadoras de colônia (CFU) por miligrama de tecido ou na presença de qualquer estreptococo beta-hemolítico, o processo de cicatrização não ocorre mesmo com o uso de enxertos ou recobrimento com retalhos.
A infecção bacteriana prolonga a fase inflamatória e interfere com a epitelização, contração e deposição de colágeno. Clinicamente a infecção manifesta-se através de sinais flogísticos acompanhados, geralmente, de drenagem purulenta.
Nestes casos deve-se proceder a exposição da ferida, com retirada das suturas, cuidados locais e administração de antibióticos, quando indicados.

Desnutrição

Apesar das necessidades calóricas mínimas para cicatrização adequada não terem sido definidas, sabe-se que uma perda de 15 a 25% do peso habitual interfere significativamente com o processo cicatricial. O catabolismo protéico associado à desnutrição dificulta e retarda o processo de cicatrização.
Níveis de albumina inferiores a 2,0g/dL estão relacionados a uma maior incidência de deiscências, além de atraso na cicatrização de feridas.
  1. A carência de ácido ascórbico (vitamina C) afeta a síntese do colágeno, uma vez que age como coenzima na formação da hidroxiprolina, aminoácido fundamental, responsável pelas propriedades físico-químicas da estrutura do colágeno. A deficiência de vitamina C é a hipovitaminose mais comumente associada à falência da cicatrização de feridas. Nestes casos, o processo pode ser interrompido na fase de fibroplasia. Doses de 100 a 1.000 mg/dia corrigem a deficiência.
  2. A vitamina A (ácido retinóico), quando deficiente, leva a uma diminuição da ativação de monócitos e distúrbios dos receptores de TGF-beta, fenômenos que, de uma forma ou de outra, levam a prejuízos no processo de cicatrização.
  3. A deficiência de zinco é rara, estando presente em queimaduras extensas, trauma grave e cirrose hepática. A deficiência deste mineral compromete principalmente a fase de epitelização.
Perfusão tecidual de oxigênio
O processo cicatricial é caracterizado por uma atividade sintética intensa, fenômeno que exige um aporte contínuo e adequado de oxigênio. A perfusão tecidual depende, basicamente de três fatores:
  • volemia adequada,
  • quantidade de hemoglobina
  • conteúdo de oxigênio do sangue
Assim, a anemia, desde que o paciente esteja com a volemia adequada, só interfere no processo de cicatrização caso o hematócrito esteja abaixo de 15%, uma vez que o conteúdo de oxigênio pouco afeta a síntese de colágeno na ferida.
Fatores que interferem com a perfusão, como a desidratação e a presença de suturas com muita tensão, podem levar a isquemia e deiscência da sutura.

Diabetes mellitus e obesidade
Pacientes portadores de diabetes mellitus tem todas as suas fases de cicatrização prejudicadas. Nota-se espessamento da membrana basal dos capilares, o que dificulta a perfusão da microcirculação. Existe um aumento da degradação de colágeno; além disso, a estrutura do colágeno formado é fraca.
A administração de insulina pode melhorar o processo cicatricial de diabéticos.
Indivíduos obesos, independente da presença do diabetes, também apresentam a cicatrização comprometida, provavelmente pelo acúmulo de tecido adiposo necrótico e pelo comprometimento da perfusão da ferida.

Glicocorticóides, quimioterapia e radioterapia
Os glicocorticóides e as drogas citotóxicas interferem em todas as fases da cicatrização, os primeiros na fase inflamatória e na síntese do colágeno, e os últimos na divisão celular, impedindo a proliferação de fibroblastos, endoteliócitos, macrófagos e queratinócitos.
As drogas utilizadas na quimioterapia de doenças malignas, como a doxorrubicina e a ciclofosfamida, devem ser evitadas nos primeiros cinco a sete dias do pós-operatório, período critico da cicatrização.
A radioterapia, além dos efeitos negativos semelhantes à quimioterapia, também compromete a cicatrização, pois é causa de endarterite, com obliteração de pequenos vasos e conseqüente isquemia e fibrose.

PROBLEMAS ESPECÍFICOS NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS
Trato gastrointestinal
Pouco se sabe sobre as particularidades da cicatrização do trato gastrintestinal, sendo observado na prática clínica que o aumento da força tênsil das anastomoses intestinais é conseguido de forma mais rápida que a da pele.
A parede do tubo digestivo pode ser dividida em seis camadas ao longo de todo seu trajeto: mucosa, com seu epitélio, lâmina própria e camada muscular (muscular da mucosa), submucosa, muscular própria e serosa.
Sua porção mais interna é a mucosa, cujo revestimento é formado por uma monocamada epitelial. Subjacente à mucosa, encontramos a membrana basal rica em colágeno tipo IV e a lâmina própria da mucosa, rica em colágeno dos tipos I, III e V, células inflamatórias e elastina.
No limite externo da mucosa temos uma delgada camada de células musculares, a muscular da mucosa, que contribui para a motilidade digestiva.
A camada submucosa serve como um elo entre a mucosa e a muscular própria. Tem rico conteúdo de colágeno e fibroblastos, sendo a camada mais importante no processo de cicatrização do trato gastrintestinal, incluindo as anastomoses digestivas.
A presença de inflamação na mucosa sem lesão epitelial (gastrite) não deflagra o processo de cicatrização e reparo. O envolvimento do epitélio em lesões que não ultrapassam a muscular da mucosa, como nas erosões ácido-pépticas, também não estimula o processo cicatricial, ou seja, não há resposta de células mesenquimais.
Quando a lesão atinge a submucosa, observa-se resposta de células mesenquimatosas. Células musculares provenientes da muscular da mucosa e da muscular própria migram para o local. Esta lesão é chamada de úlcera e possui células musculares lisas e colágeno em sua base. Se o processo é agudo, após a sua resolução a arquitetura do intestino é preservada. Em lesões crônicas da submucosa, acumula-se tecido cicatricial, que juntamente com o espessamento da parede do intestino, determinará a formação de estenoses.

Pele
Os quelóides e as cicatrizes hipertróficas resultam de um processo anormal de cicatrização de feridas, caracterizado por uma síntese excessiva de colágeno. Estas complicações são mais comuns em negros, asiáticos e qualquer indivíduo que tenha a tonalidade da pele mais pigmentada.
Enquanto as cicatrizes hipertróficas permanecem nos limites da ferida e regridem ao longo do tempo, o quelóide se estende além dos limites da ferida e comumente não regride.
A cicatriz quelóide tende a ocorrer acima da clavícula, em membros superiores e em face. A cicatriz hipertrófica pode ocorrer em qualquer local.
Como vimos antes, existe em ambas as condições uma produção excessiva de colágeno (principalmente nos quelóides). A presença de um inibidor da colagenase, a alfa-2-macroglobulina, encontrado em tecidos de cicatrizes quelóide e hipertrófica, parece alterar o processo normal de cicatrização, favorecendo o surgimento destas complicações.
A citocina TGF-beta participa de forma menos clara, mas também parece implicada na gênese de quelóides e cicatrizes hipertróficas. Fibroblastos de cicatrizes quelóides possuem quantidade aumentada desta citocina.
Além disto, existe uma resposta mais acentuada na produção de colágeno, quando fibroblastos de tecido quelóide ou cicatrizes hipertróficas são expostos à TGF-beta.
O tratamento dos quelóides pode envolver excisão cirúrgica, quando a lesão é esteticamente inaceitável ou quando se necessita recuperar função de um determinado segmento. Infelizmente, a taxa de recorrência é alta para esta lesão. A injeção intralesional de triancinolona tem sido usada com sucesso para lesões pequenas e para as cicatrizes hipertróficas, com amolecimento da lesão e melhora do prurido e dor.
Parece existir um estímulo proveniente do aumento de tensão das feridas para a proliferação excessiva de fibroblastos, um fenômeno que levaria a cicatrizes hipertróficas. Cicatrizes perpendiculares a orientação das fibras musculares são submetidas a uma menor tensão, o que pode atenuar a produção de colágeno. Disposta desta forma, as bordas da cicatriz se aproximam quando o músculo contrai-se.

Metabolismo e emagrecimento (Jornal Hoje - Rede Globo)

Drogas Anabolizantes

Vamos esclarecer alguns conceitos científicos; metabolismo é o nome de todas as reações bioquímicas do nosso organismo. Anabolismo é as reações que constrói ou recompõem células e Catabolismo, as que resultam do trabalho das células.

No caso das drogas anabolizantes, drogas que ajudam no crescimento das células musculares, geralmente derivados da testosterona, que é o hormônio masculino. As estatísticas sobre os efeitos na população ainda são precárias, devido a sua utilização por parcelas consideráveis da população, ser relativamente recente. Os estudos experimentais, em que estas drogas são administradas e seus efeitos analisados, sempre com conclusões mais confiáveis, são dificultados no caso de anabolizantes hormonais em pessoas saudáveis por razões éticas.

Alguns trabalhos experimentais são encontrados na literatura, envolvendo a utilização de esteróides anabolizantes (hormônio masculino sintético) para o tratamento de doenças como anemias, alguns tipos de câncer e reposição hormonal. Também existem trabalhos experimentais estudando os efeitos de derivados da testosterona com o objetivo de contracepção masculina.

Estudos de observação, em grupos de usuários de drogas anabolizantes têm contribuído para a identificação das ocorrências patológicas mais freqüentes. Em recente pesquisa, um questionário foi distribuído para 1.667 pessoas em academias do Reino Unido, e publicado no International Journal of Sports Medicine, 18:557-62, 1992.

Entre os homens interrogados 9,1 % usavam drogas anabolizantes contra 2,3% entre as mulheres. Entre os usuários, apenas 28% eram atletas de competição. O sistema de ciclos interrompidos, quando a pessoa usa a droga em alguns períodos e em outros não, foi utilizado por 88% dos usuários, e 77% relataram ter percebido efeitos colaterais como. Atrofia do testículo em 56% dos casos, ginecomastia (crescimento dos mamilos nos homens) em 52%, dificuldade para dormir em 37%, hipertensão arterial em 36%, lesões tendinosas em 26%, sangramento nasal em 22% e resfriados freqüentes em 16%.

Entre as mulheres foram relatados casos de irregularidades menstruais, hipertrofia do clitóris, diminuição das mamas, engrossamento da voz, acne, queda de cabelo e hirsutismo (presença de pelos pelo corpo). Por ocasião da interrupção dos ciclos foram freqüentes os relatos de tonturas, fraqueza, perda da libido e dores articulares.

Considerando a totalidade dos trabalhos publicados até o presente, podemos concluir que o uso abusivo de esteróides anabolizantes apresenta alta incidência de efeitos indesejáveis em períodos curtos de uso, embora nem sempre graves. Mas, à longo prazo, doenças graves poderão ser desencadeadas dependendo das drogas empregadas, do tempo de utilização, das doses e da predisposição individual.

As drogas de uso oral estão mais associadas com os tumores do fígado, com o desencadeamento das diabetes e com as doenças cardíacas coronarianas. Os mecanismos de doença são o maior metabolismo hepático das drogas, aumento da resistência celular à insulina e depressão do HDL-colesterol. As drogas injetáveis produzem mais ginecomastia e maior tendência para a trombose, cerebral e periférica, devido à maior formação metabólica de hormônios femininos estrogênicos. O fechamento prematuro das linhas de crescimento nas epífises ósseas dos adolescentes, a hipertensão arterial e o câncer da próstata aparece em associação, tanto com os esteróides orais, quanto com os injetáveis.

A impotência sexual parece ser mais consequência de fenômenos depressivos, às vezes intensos, e que podem levar ao suicídio. Muitos usuários ficam dependentes dos esteróides por conta do mal-estar produzido pela supressão da droga. A fertilidade normal pode tardar de seis meses à um ano, justificando a proposta de utilização dos esteróides androgênicos como anticoncepcionais masculinos. A utilização de gonadotrofina coriônica ao final de cada ciclo, também prática comum entre atletas para estimular os testículos parecer ser normalmente desnecessária e aumenta a incidência de ginecomastia.

As mortes que têm sido associadas aos esteróides anabolizantes parecem ser decorrentes do uso contínuo prolongado ou de doses abusivas. As causas dos óbitos foram infartos cardíacos, trombose cerebral, hemorragia hepática, sangramento de varizes do esôfago, miocardiopatia, metástases de tumores da próstata e do fígado, infecções por depressão da imunidade ou contaminação por medicamentos falsificados (AIDS e hepatite).

Uma importante questão é saber se existe maneira segura para a utilização de esteróides androgênicos. Admite-se que doses menores e utilização interrompida tenham menor probabilidade de produzir efeitos indesejáveis, mas a quantificação dos riscos individuais ainda não é possível. Duas situações são indesejáveis no presente momento: exagerar o risco dos anabolizantes hormonais e ignorar a possibilidade de ocorrência de doenças graves.

Com relação aos riscos, pode-se imaginar que na melhor das hipóteses será possivel chegar à esquemas de administração com segurança semelhante à dos anticoncepcionais femininos. A utilização de esteróides estrogênicos por mulheres de todo o mundo com finalidade de contracepção tem efeitos colaterais muito semelhantes aos dos anabolizantes hormonais, mas ocupam muito menos espaço na mídia. A nossa sociedade parece considerar a contracepção uma razão justificável para que as mulheres corram riscos para a saúde, mesmo com as estatísticas demonstrando a ocorrência de doenças graves. Por outro lado, atletas e treinadores despreparados costumam desconsiderar os riscos dos esteróides, baseados na aparente saúde de alguns campeões. Essa atitude é indefensável e coloca muitos jovens em situação crítica para a saúde.

No caso da musculação, a noção de que aumentos significativos de massa muscular são impossíveis sem o uso de drogas contribui para agravar a situação. O que ocorre é que todas as pessoas apresentam progresso com treinamento bem orientado e alimentação adequada, mas algumas têm potencial para massa muscular muito maior do que outros. Apesar de que as drogas anabolizantes podem sem dúvida favorecer o crescimento dos músculos, elas não são formadoras de campeões.

A situação atual pode ser resumida da seguinte maneira: quem está utilizando drogas está correndo riscos de saúde ainda não bem conhecidos. Esquemas racionais de utilização são mais seguros mas não totalmente isentos de riscos. Assim sendo, a decisão deverá ser sempre uma decisão pessoal. A pessoa deve ponderar os riscos e benefícios e decidir racionalmente. Aos profissionais compete informar e não influenciar na decisão. 

Fonte: http://www.fisiculturismo.com.br/artigo.php?id=179 

Administração de drogas em Crianças

O processo de absorção, distribuição, metabolismo e excreção em crianças sofre profundas mudanças com a utilização de drogas.

Fatores a serem considerados pela enfermagem na administração de drogas em crianças
1. Absorção:
• A absorção da droga pela criança depende de propriedade física, outras drogas, substâncias, alimentação, mudanças fisiológicas e doença.
• O pH gástrico de um recém-nascido é neutro ou levemente ácido e torna-se mais ácido no recém-nascido mais maduro; esse fato altera a absorção da droga.
• Vários alimentos infantis ou o leite podem aumentar o pH gástrico, impedindo a absorção da droga. Se possível, administre a droga na criança com o estômago vazio.
• O esvaziamento do estômago e intestino na criança é mais lento do que no adulto, o que pode afetar a absorção. Diarréia também pode alterar a absorção.

2. Distribuição:
• Como na infância a absorção muda no organismo de acordo com o peso e a fisiologia, a distribuição da droga pode ser alterada.
• Em um prematuro, cerca de 85% do peso total é líquido; em uma criança a termo é de 55% a 70%; em um adulto, 50% a 55%. Os fluidos intracelulares têm pouco efeito na dosagem da droga.
• Os fluidos extracelulares influenciam a concentração da droga porque esta é distribuída através dos fluidos extracelulares para atingir seus receptores.
• Como resultado da diminuição da concentração de albumina ou ligação intermolecular entre a droga e a proteína plasmática, muitas drogas ligam-se em menor quantidade à proteína plasmática em crianças do que em adultos.

3. Metabolismo:
• A capacidade de um recém-nascido metabolizar uma droga depende de seu sistema hepático. Certos mecanismos de metabolização em um recém-nascido não estão desenvolvidos.

4. Excreção:
• A excreção renal da droga é feita na filtração glomerular. Devido a muitas drogas serem excretadas pela urina, o grau de desenvolvimento renal ou a presença de doença renal podem afetar a dosagem na criança.
• Se a criança está impossibilitada de excretar a droga pela via urinária, um acúmulo da droga pode ocorrer, e o resultado é toxicidade, a menos que a dose seja reduzida.
• Em uma criança de 2 até 5 meses de idade as partes glomerular, tubular e a alça de Henle estão em desenvolvimento. A maturidade de excreção tubular ocorrerá de 7 a 12 meses de idade.
• Portanto, a criança tem, até os 12 meses de idade, uma lenta filtração glomerular.

Cuidados de enfermagem na administração por via oral
1. Quando administrar medicação em uma criança, aplique-a em suspensão, com uma seringa; nunca use um copo.

2. Levante a cabeça da criança para evitar aspiração: pressione seu queixo para baixo para evitar que engasgue.

3. Coloque a medicação na mamadeira.

4. Se a criança tem idade acima de 1 ano, explique a ela como você lhe dará a medicação; solicite a colaboração dos pais.

5. Não misture medicação com alimentos nem chame a medicação de bala, ainda que esta tenha um sabor doce.

6. Ofereça a medicação em colher ou copo graduado.

7. Se a criança tem idade para engolir a medicação, ofereça água ou suco de fruta. Lembre-se de que o leite pode interferir na absorção.

Cuidados de enfermagem na administração por via intravenosa
1. Evite puncionar veia na região da cabeça, pois podem ocorrer infiltração e desfiguramento temporário; atualmente não se utiliza esse procedimento com a freqüência com que se fazia no passado.

2. As extremidades são os locais de acesso mais indicados.

3. Proteja o local da punção, para não ocorrerem acidentes.

4. Restrinja os movimentos da criança somente se for necessário.

5. Monitorize o gotejamento e o local da punção (flebite, extravasamento e infecção).

6. A contagem do gotejamento não deve ser feita quando a criança estiver chorando ou agitada, porque isso pode interferir no gotejamento.

7. Algumas drogas precisam ser diluídas; use o mínimo de solução para diluí-las e monitorize o balanço hídrico.

Cuidados de enfermagem na administração por via intramuscular
1. A via intramuscular é escolhida quando não pode ser usada a via intravenosa, e for necessária rápida absorção.

2. Para determinar o local correto, considere idade, massa muscular e estado nutricional do paciente, além da viscosidade da droga; relate e mude o local da injeção.

3. Explique à criança que a aplicação causará dor, mas que a ajudará a melhorar. Segure-a durante a aplicação e depois conforte-a.

Cuidados de enfermagem na administração tópica
1. Use medicação em gotas no ouvido em temperatura ambiente, porque medicação fria pode causar dor e tontura.

2. Para gotas no ouvido, em crianças menores de 3 anos, puxe o lobo para baixo e para trás; nas crianças maiores de 3 anos, puxe a parte superior da orelha para cima e para trás.

3. Evite usar inalantes em crianças muito pequenas, pois elas dificilmente colaboram.

4. Antes de oferecer um inalante a uma criança maior, explique que ela pode colaborar segurando a máscara.

Administração de drogas em pacientes idosos (AME)

Quando administramos drogas em pacientes idosos, precisamos entender as mudanças fisiológicas e farmacológicas que podem alterar a dosagem da droga, as reações adversas e os problemas de pacientes idosos. Mudanças fisiológicas afetam a atuação da droga. Com a idade, mudanças fisiológicas acontecem e podem alterar os efeitos terapêuticos e tóxicos da medicação.

A proporção de tecido adiposo e a massa total do corpo tendem a mudar com a idade; a parte líquida tende a diminuir e o tecido adiposo tende a aumentar, o que pode variar de pessoa para pessoa. Mas certamente essas mudanças no organismo afetam a concentração da droga.

Sistemas que são alterados com a idade
Sistema gastrintestinal: nos idosos a secreção de ácido gástrico diminui e a motilidade gastrintestinal (GI) fica lenta, dificultando o esvaziamento do estômago e do intestino. Alguns pesquisadores atribuem a baixa absorção da droga a essas mudanças.

Sistema hepático: com a idade, a capacidade de o fígado metabolizar certas drogas diminui. Isso ocorre devido à diminuição do fluxo sangüíneo no fígado, resultado da lentificação das atividades cardíacas, que reduz sua capacidade metabólica. A diminuição das funções hepáticas pode causar:
• aumento da intensidade do efeito da droga, devido a sua concentração no sangue;
• efeito prolongado da droga, devido à concentração prolongada no sangue;
• alto índice de toxicidade causado pela droga.

Sistema renal: embora a função renal do idoso seja normalmente suficiente para eliminar o excesso, a capacidade de eliminar medicações é reduzida em 50% ou mais. Muitas medicações são eliminadas pelo rim. Se a função dos rins está diminuída, o resultado é a alta concentração da droga no sangue, levando-a a provocar toxicidade.

A dosagem pode ser modificada para compensar a diminuição da função renal. Pelo teste de laboratório que dosa a uréia e a creatinina, o médico pode realizar o tratamento terapêutico sem correr riscos de toxicidade. Observe se o paciente apresenta sinais e sintomas de toxicidade.

Reações adversas da droga no idoso
A ocorrência de reação adversa no idoso é duas vezes maior do que em um paciente jovem, devido às mudanças fisiológicas.
Sinais e sintomas provocados pela reação adversa, tais como confusão mental, fraqueza e letargia, têm sido confundidos com senilidade. Se a reação adversa não for identificada, o paciente continuará a receber a droga.

Drogas que causam toxicidade:

diuréticos: devido à quantidade total de líquido diminuir com a idade, o uso de diuréticos pode resultar em perda de líquido, levando à desidratação. O diurético pode causar perda de potássio, provocando fraqueza. Pode aumentar o ácido úrico e a glicose no sangue, o que se complica caso o paciente tenha gota e diabetes mellitus;

anti-hipertensivos: muitos pacientes idosos sentem tontura quando usam anti-hipertensivos, em parte como resposta à arteriosclerose e diminuição da elasticidade dos vasos sangüíneos. O anti-hipertensivo reduz a pressão do sangue muito rápido, causando diminuição do fluxo de sangue no cérebro, o que pode provocar desmaio, tontura ou até um acidente vascular. Logo, é indicado diminuir a pressão de um paciente jovem para 120/85 mmHg; no entanto, para um idoso, é razoável diminuí-la para 150/95 mmHg;

intoxicação digitálica: como a função renal e o tempo de excreção sofrem alteração, a concentração da digoxina no organismo aumenta, acarretando um alto nível de digoxina no sangue, o que provoca a intoxicação. O alto nível de digoxina causa sintomas como náusea, vômitos, diarréia e sérias arritmias cardíacas. Para evitar sérios efeitos tóxicos, observe os sinais de perda de apetite, confusão e depressão;

intoxicação por corticóide: pacientes idosos podem sofrer retenção de líquido e manifestações psicológicas, tais como euforia e reação psicótica. O uso prolongado pode causar osteoporose. Monitorize o paciente para evitar intoxicação. Observe sinais de mudança de humor, mobilidade, cicatrização, distúrbio hidroeletrolítico;

sedativos e calmantes: podem causar sedação excessiva e sonolência residual.

Administração de Medicamentos na Enfermagem (AME)

Descrição da ação, reação e interação das drogas

A administração de drogas no organismo humano provoca uma série de efeitos psicoquímicos. O primeiro efeito ocorre quando a droga combina com a célula receptora. O resultado da ação da droga é conhecido como efeito da droga. A ação da droga pode ser local, sistêmica ou ambas. O efeito local acontece através da aplicação local, e a absorção transdérmica pode causar efeitos sistêmicos.

Fatores que alteram a ação da droga
1. Absorção: antes de a droga poder agir no organismo ela é absorvida pela corrente sangüínea. Uma vez que a droga é absorvida pelo sangue, ela está pronta para produzir o efeito. Normalmente a via de administração mais usada é a via oral. A droga em comprimido pode ser absorvida em pequenas partículas, se quebrada ou macerada, podendo então ser dissolvida em suco de fruta. Somente depois de dissolvida é que a droga poderá ser absorvida pelo sangue. Uma vez absorvida pela circulação sangüínea ocorrerá o efeito da droga. A absorção pode ser completa ou parcial, dependendo de vários fatores que determinam o tempo de absorção. Os fatores são: efeitos psicoquímicos, interação da droga, via de administração e característica do paciente. As soluções que não precisam ser desintegradas e dissolvidas são absorvidas mais rapidamente. A administração intramuscular é primeiro absorvida pelo músculo para depois atingir a corrente sangüínea. A droga administrada por via intravenosa é imediatamente absorvida.

2. Distribuição:
após a absorção da droga pela corrente sangüínea, esta atinge vários tecidos do organismo. As variações individuais de cada paciente podem alterar a distribuição da droga no organismo. Por exemplo, em um paciente com edema a dose será distribuída em volumes maiores do que os distribuídos em um paciente que não apresenta edema, e em alguns casos será necessário aumentar a dose. Se o paciente se apresenta gravemente desidratado, a droga será distribuída em pequenos volumes, então a dose será diminuída. O paciente obeso apresenta outro problema com a distribuição. Algumas drogas, tais como a digoxina e a gentamicina, não são muito bem distribuídas no tecido adiposo.

3. Eliminação da droga
(metabolismo e excreção): muitas drogas são metabolizadas no fígado e excretadas pelos rins. Disfunções hepáticas podem afetar o metabolismo das funções do fígado. Em pacientes com disfunção hepática, o metabolismo da droga pode ser aumentado, diminuído ou inalterado. Certamente todos os pacientes com disfunção hepática devem ter as funções hepáticas monitorizadas. Para maior segurança, as funções renais devem estar adequadas, ou a droga pode se acumular, causando efeito tóxico. Algumas drogas podem alterar o efeito e a excreção de outra droga. Uma droga pode estimular ou inibir o metabolismo das enzimas hepáticas, alterando o desempenho metabólico, o que muda o efeito da droga. Algumas drogas podem bloquear ou aumentar a excreção de outra droga, causando acúmulo e aumentando seu efeito; se causar rápida excreção diminuirá seu efeito. Algumas eliminações podem ocorrer através da transpiração, da saliva e do leite materno. Certos anestésicos voláteis, como o halotano, podem ser eliminados pela expiração. A velocidade com que a droga é metabolizada varia de um indivíduo para outro.

Considerações de enfermagem para os fatores que alteram a ação da droga


1. Idade do paciente:
é um importante fator. Os idosos normalmente têm diminuição da função hepática e renal e da massa muscular. Em conseqüência, precisam de doses menores e algumas vezes longo intervalo na dosagem para evitar toxicidade. No entanto, recém-nascidos não têm desenvolvido o sistema metabólico enzimático, e a função renal é inadequada. Eles precisam de altas doses e cuidadosa monitorização.

2. Formas de administração:
alguns comprimidos são mais difíceis de o paciente engolir. O enfermeiro pode pedir ao médico para prescrever a mesma dose em suspensão; será mais fácil de ser absorvida totalmente. Quando uma droga com potencial de toxicidade é prescrita, o aumento da quantidade absorvida pode acusar toxicidade.

3. Vias de administração:
algumas drogas são rapidamente absorvidas pela via oral e mais lenta e irregularmente absorvidas pela via intramuscular. Outras drogas, por exemplo, devem ser administradas pela via intravenosa porque pela via oral não são totalmente absorvidas e não são capazes de tratar infecções sistêmicas.

4. Armazenamento da droga:
o armazenamento inadequado da droga pode alterar sua potencialidade. Muitas drogas devem ficar em caixas fechadas, protegidas de luz solar, altas temperaturas e umidade para não causar deterioração. Algumas requerem condições especiais de armazenamento, tal como refrigeração.

5. Hora certa da administração:
muitas vezes administrar a droga por via oral durante ou após a refeição pode diminuir a quantidade da droga a ser absorvida. No entanto, para drogas que causam irritabilidade na mucosa gástrica é recomendada administração durante ou após a refeição. Por exemplo, a tetraciclina não deve ser administrada às refeições porque o alimento pode inativar a absorção.

6. Considere peso e altura:
o médico precisa dessas informações para calcular a dosagem da droga. Registre idade, peso e altura.

7. Monitorize mudanças metabólicas:
monitorize alterações fisiológicas (depressão respiratória, acidose ou alcalose).

8. História do paciente:
registre história familiar, reações adversas a drogas, defeitos genéticos que possam alterar a resposta da droga, uso de drogas atualmente ou no passado, uso prolongado.

Interação da droga
A administração de uma droga em combinação com outra que altera o efeito de uma ou de ambas as drogas chama-se interação. Normalmente uma droga pode aumentar ou diminuir o efeito de outra inibindo ou estimulando o metabolismo ou a excreção. Uma droga pode, por exemplo, potencializar outra. Muitas vezes duas drogas com a mesma ação, quando aplicadas conjuntamente, aumentam o efeito e o resultado. Por exemplo, dois analgésicos administrados juntamente causam um efeito maior, aliviando uma dor intensa.

Algumas vezes a interação é usada para prevenir ou antagonizar certas reações adversas. Mas muitas interações não são benéficas: muitas drogas podem interagir e produzir efeitos indesejáveis e até prejudiciais ao organismo. Algumas interações são perigosas, podendo aumentar ou diminuir a eficácia da toxicidade.

Reação adversa
A intenção do efeito da droga é terapêutica, mas muitas vezes ela causa reação adversa. Pode ser esperada e benigna ou inesperada e potencialmente prejudicial ao organismo. As reações adversas são conhecidas como efeitos colaterais. Um exemplo é a sonolência causada por anti-histamínico.

Uma reação adversa pode ser tolerada ou prejudicial, caso em que é necessário suspender a droga. Às vezes certas reações adversas são minimizadas com o uso continuado da droga. Em muitos casos basta diminuir a dose, e a reação adversa desaparecerá.


A hipersensibilidade a uma droga pode ser fatal em muitos casos, pois leva o paciente ao choque anafilático; por exemplo, a penicilina e o cloranfenicol podem causar choque anafilático em pacientes hipersensíveis.


É importante ter conhecimento das condições clínicas do paciente para prevenir efeitos tóxicos. Seguindo esse caminho, podem-se reduzir os riscos de o paciente ter uma reação adversa grave. Reconhecer alergias ou reações sérias pode salvar vidas. Pergunte ao paciente se ele faz uso de medicação, ou se usou no passado e houve algum tipo de reação. Você deve relatar mudanças clínicas e metabólicas durante a internação e comunicá-las ao médico.

Reação tóxica
As reações crônicas tóxicas são geralmente causadas por efeitos cumulativos, resultado do excesso da droga no organismo. A toxicidade ocorre quando o nível da droga no sangue aumenta devido à ineficiência metabólica ou de excreção. Por exemplo, algumas drogas causam disfunção hepática, prejudicando o metabolismo da droga. Outras causam disfunção renal, prejudicando a eliminação via filtração glomerular. A toxicidade provocada pela droga pode ser prevenida e revertida. Monitorize cuidadosamente as mudanças fisiológicas e metabólicas do paciente. Oriente-o sobre os sinais e sintomas das reações tóxicas.

Administração da droga na gravidez
Desde 1950, quando a talidomida causou efeitos trágicos em milhares de crianças, o uso de drogas durante a gravidez tem sido uma séria preocupação. Para identificar drogas que causam efeitos teratogênicos, são realizados testes de laboratório em animais.

A placenta protege o feto de alguns efeitos da droga, mas não é totalmente segura. Muitas drogas atravessam a placenta e entram na circulação do feto. Isso não significa que a droga prejudicará o feto. Durante o primeiro e o terceiro trimestre, o feto estará especialmente vulnerável a drogas usadas pela mãe. Durante esse período qualquer droga deve ser usada cuidadosamente.


O período crítico em que pode ocorrer malformação fetal é o primeiro trimestre. Nesse período qualquer droga deve ser evitada. Outro período perigoso para o feto é o último trimestre. A razão é que, ao se aproximar o momento do parto, quando ocorre a separação da mãe, o sistema de metabolismo e eliminação do feto ainda não está totalmente desenvolvido. Nesse caso resíduos da droga levam um longo tempo para ser metabolizados, induzindo o efeito tóxico. Logo, só se faz uso de drogas durante o terceiro trimestre de gravidez em casos estritamente necessários.

Administração de drogas durante a lactação
Muitas drogas aparecem no leite materno. O nível da droga no leite materno tende a estar alto quando seu nível no sangue estiver alto. Oriente a mãe a amamentar antes de usar a droga. Em alguns casos a amamentação deve ser interrompida, conforme orientação médica. O uso indiscriminado de drogas deve ser evitado nesse período.

Enfermeiro, oriente o paciente
1. Armazenar a droga na caixa original, em temperatura ambiente ou geladeira, conforme orientação do fabricante, fora do alcance de crianças; protegê-la da luz solar, evitar locais com alta temperatura e umidade, porque pode haver deterioração.

2.
Informar o nome comercial da droga.

3.
Comunicar à enfermeira ou ao médico caso ocorram sinais e sintomas decorrentes do uso da droga.

4.
Ler sempre o rótulo antes de ingerir a droga. Usar a droga exatamente como foi prescrita: dosagem, horário e tempo do tratamento.

5.
Observar o prazo de validade da droga.

6.
Não misturar diferentes drogas no mesmo recipiente.

PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO ATENÇÃO QUALIFICADA E HUMANIZADA (MANUAL TÉCNICO)

Link: Obs: Copie e cole para abrir...
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_puerperio_2006.pdf  

Código de Ética dos Profissionais de Educação Física registrados no Sistema CONFEF/CREFs

RESOLUÇÃO CONFEF nº 056/2003
Dispõe sobre o Código de Ética dos Profissionais de
Educação Física registrados no Sistema CONFEF/CREFs.
Rio de Janeiro, 18 de Agosto de 2003. 

O PRESIDENTE DO CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, no uso das atribuições que lhe confere o inciso VII do art. 40 do Estatuto do Conselho Federal de Educação Física e:
CONSIDERANDO o disposto no inciso VI do art. 8º do Estatuto do Conselho Federal de Educação Física, criado pela Lei nº 9.696, de 1º de Setembro de 1998;
CONSIDERANDO a responsabilidade do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, como órgão formador de opinião e educador da comunidade para compromisso ético e moral na promoção de maior justiça social;
CONSIDERANDO a finalidade social do Sistema CONFEF/CREFs;
CONSIDERANDO que um país mais justo e democrático passa pela adoção da ética na promoção das atividades físicas, desportivas e similares;
CONSIDERANDO a função educacional dos órgãos integrantes do Sistema CONFEF/CREFs, responsáveis pela normatização e codificação das relações entre beneficiários e destinatários;
CONSIDERANDO a necessidade de mobilização dos integrantes da categoria profissional para assumirem seu papel social e se comprometerem, além do plano das realizações individuais, com a realização social e coletiva;
CONSIDERANDO a necessidade de adaptação e aperfeiçoamento do Profissional de Educação Física, para adequar-se à proposta contida no Manifesto Mundial de Educação Física - FIEP/2000, que reformulou o conceito da profissão;
CONSIDERANDO as contribuições, encaminhadas ao CONFEF, de setores e órgãos interessados;
CONSIDERANDO ser o Código de Ética dos Profissionais de Educação Física, sobretudo, um código de ética humano, que contém normas e princípios que devem ser por estes seguidos, e se aplicam às pessoas jurídicas devidamente registradas no Sistema CONFEF/CREFs , por adesão, demonstrando, portanto, a total aceitação aos princípios nele contidos;
CONSIDERANDO as sugestões de alterações propostas no II Seminário de Ética da Educação Física, realizado em conjunto com o 18º Congresso Internacional da FIEP e o II Fórum de Educação Física dos Países do Mercosul, ocorridos na Cidade de Foz do Iguaçu - PR, em Janeiro de 2003;
CONSIDERANDO finalmente, o que decidiu o Plenário do CONFEF em Reunião Ordinária, realizada em 15 de Agosto de 2003,
RESOLVE:
Art. 1º - Fica aprovado o Código de Ética dos Profissionais de Educação Física, na forma do anexo desta Resolução.
Art. 2o - Fica revogada a Resolução CONFEF Nº 025/00.
Art. 3º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Jorge SteinhilberPresidente
CREF 000002-G/RJ
DOU 235, seção 1, pág. 122, 03/12/2003

CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PREÂMBULO

No processo de elaboração do Código de Ética para o Profissional de Educação Física tomaram-se por base, também, as Declarações Universais de Direitos Humanos e da Cultura, a Agenda 21, que conceitua a proteção do meio ambiente no contexto das relações entre os homens em sociedade, e, ainda, os indicadores da Carta Brasileira de Educação Física 2000.
Esses documentos, juntamente com a legislação referente à Educação Física e a seus profissionais nas esferas federal, estadual e municipal, constituem o fundamento para a função mediadora do Sistema CONFEF/CREFs no que concerne ao Código de Ética.
A Educação Física afirma-se, segundo as mais atualizadas pesquisas científicas, como atividade imprescindível à promoção e à preservação da saúde e à conquista de uma boa qualidade de vida.
Ao se regulamentar a Educação Física como atividade profissional, foi identificada, paralelamente à importância de conhecimento técnico e científico especializado, a necessidade do desenvolvimento de competência específica para sua aplicação, que possibilite estender a toda a sociedade os valores e os benefícios advindos da sua prática .
Este Código propõe normatizar a articulação das dimensões técnica e social com a dimensão ética, de forma a garantir, no desempenho do Profissional de Educação Física, a união de conhecimento científico e atitude, referendando a necessidade de um saber e de um saber fazer que venham a efetivar-se como um saber bem e um saber fazer bem.
Assim, o ideal da profissão define-se pela prestação de um atendimento melhor e mais qualificado a um número cada vez maior de pessoas, tendo como referência um conjunto de princípios, normas e valores éticos livremente assumidos, individual e coletivamente, pelos Profissionais de Educação Física.

A CONSTRUÇÃO DO CÓDIGO DE ÉTICA

A construção do Código de Ética para a Profissão de Educação Física foi desenvolvida através do estudo da historicidade da sua existência, da experiência de um grupo de profissionais brasileiros da área e da resposta da comunidade específica de profissionais que atuam com esse conhecimento em nosso país.
Assim, foram estabelecidos os 12 (doze) itens norteadores da aplicação do Código de Ética, que fixa a forma pela qual se devem conduzir os Profissionais de Educação Física registrados no Sistema CONFEF/CREFs:
I - O Código de Ética dos Profissionais de Educação Física, instrumento regulador do exercício da Profissão, formalmente vinculado às Diretrizes Regulamentares do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, define-se como um instrumento legitimador do exercício da Profissão, sujeito, portanto, a um aperfeiçoamento contínuo que lhe permita estabelecer os sentidos educacionais, a partir de nexos de deveres e direitos.
II - O Profissional de Educação Física registrado no CONFEF e, conseqüentemente, aderente ao presente Código de Ética, é conceituado como um interventor social, que age na promoção da saúde, e como tal deve assumir compromisso ético para com a sociedade, colocando-se a seu serviço primordialmente, independentemente de qualquer outro interesse, sobretudo de natureza corporativista.
III - Este Código de Ética define, no âmbito de toda e qualquer atividade física, como beneficiários das ações os indivíduos, grupos, associações e instituições que compõem a sociedade, e como destinatário das intervenções, o Profissional de Educação Física, quando vinculado ao CONFEF. Esta última é a instituição que, no processo, aparece como mediadora, por exercer uma função educacional, além de atuar como reguladora e codificadora das relações e ações entre beneficiários e destinatários.
IV - A referência básica deste Código de Ética, em termos de operacionalização, é a necessidade em se caracterizar o Profissional de Educação Física diante das diretrizes de direitos e deveres estabelecidos regimentalmente pelo Sistema CONFEF/CREFs. Tal Sistema deve visar assegurar por definição: qualidade, competência e atualização técnica, científica e moral dos Profissionais nele incluídos através de inscrição legal e competente registro.
V - O Sistema CONFEF/CREFs deve pautar-se pela transparência em suas operações e decisões, devidamente complementada por acesso de direito e de fato dos beneficiários e destinatários à informação gerada nas relações de mediação e do pleno exercício legal. Considera-se pertinente e fundamental, nestas circunstâncias, a viabilização da transparência e do acesso ao Sistema CONFEF/CREFs, através dos meios possíveis de informação e de outros instrumentos que favoreçam a exposição pública.
VI - Em termos de fundamentação filosófica o Código de Ética visa assumir a postura de referência quanto a direitos e deveres de beneficiários e destinatários, de modo a assegurar o princípio da consecução aos Direitos Universais. Buscando o aperfeiçoamento contínuo deste Código, deve ser implementado um enfoque científico, que proceda sistematicamente à reanálise de definições e indicações nele contidas. Tal procedimento objetiva proporcionar conhecimentos sistemáticos, metódicos e, na medida do possível, comprováveis.
VII - As perspectivas filosóficas, científicas e educacionais do Sistema CONFEF/CREFs se tornam complementares a este Código, ao se avaliarem fatos na instância do comportamento moral, tendo como referência um princípio ético que possa ser generalizável e universalizado. Em síntese, diante da força de lei ou de mandamento moral (costumes) de beneficiários e destinatários, a mediação do Sistema produz-se por meio de posturas éticas (ciência do comportamento moral), símiles à coerência e fundamentação das proposições científicas.
VIII - O ponto de partida do processo sistemático de implantação e aperfeiçoamento do Código de Ética dos Profissionais de Educação Física delimita-se pelas Declarações Universais de Direitos Humanos e da Cultura, como também pela Agenda 21, que situa a proteção do meio ambiente em termos de relações entre os homens e mulheres em sociedade e ainda, através das indicações referidas na Carta Brasileira de Educação Física (2000), editada pelo CONFEF. Estes documentos de aceitação universal, elaborados pelas Nações Unidas, e o Documento de Referência da qualidade de atuação dos Profissionais de Educação Física, juntamente com a legislação pertinente à Educação Física e seus Profissionais nas esferas federal, estadual e municipal, constituem a base para a aplicação da função mediadora do Sistema CONFEF/CREFs no que concerne ao Código de Ética.
IX - Além da ordem universalista internacional e da equivalente legal brasileira, o Código de Ética deverá levar em consideração valores que lhe conferem o sentido educacional almejado. Em princípio tais valores como liberdade, igualdade, fraternidade e sustentabilidade com relação ao meio ambiente, são definidos nos documentos já referidos. Em particular, o valor da identidade profissional no campo da atividade física - definido historicamente durante séculos - deve estar presente, associado aos valores universais de homens e mulheres em suas relações sócioculturais.
X - Tendo como referências a experiência histórica e internacional dos Profissionais de Educação Física no trato com questões técnicas, científicas e educacionais, típicas de sua Profissão e de seu preparo intelectual, condições que lhes conferem qualidade, competência e responsabilidade, entendidas como o mais elevado e atualizado nível de conhecimento que possa legitimar o seu exercício, é fundamental que desenvolvam suas atuações visando sempre preservar a saúde de seus beneficiários nas diferentes intervenções ou abordagens conceituais.
XI - A preservação da saúde dos beneficiários implica sempre responsabilidade social dos Profissionais de Educação Física, em todas as suas intervenções. Tal responsabilidade não deve nem pode ser compartilhada com pessoas não credenciadas, seja de modo formal, institucional ou legal.
XII - Levando-se em consideração os preceitos estabelecidos pela Bioética, quando de seu exercício, os Profissionais de Educação Física estarão sujeitos sempre a assumirem as responsabilidades que lhes cabem.

CAPÍTULO I
Disposições Gerais

Art. 1º - A atividade do Profissional de Educação Física, respeitado o disposto na Lei nº 9.696, de 1º de Setembro de 1998, e no Estatuto do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, rege-se por este Código de Ética.
Parágrafo único - Este Código de Ética constitui-se em documento de referência para os Profissionais de Educação Física, no que se refere aos princípios e diretrizes para o exercício da profissão e aos direitos e deveres dos beneficiários das ações e dos destinatários das intervenções.
Art. 2º - Para os efeitos deste Código, considera-se:
I - beneficiário das ações, o indivíduo ou instituição que utilize os serviços do Profissional de Educação Física;
II - destinatário das intervenções, o Profissional de Educação Física registrado no Sistema CONFEF/CREFs.
Art. 3º - O Sistema CONFEF/CREFs reconhece como Profissional de Educação Física, o profissional identificado, conforme as características da atividade que desempenha, pelas seguintes denominações: Professor de Educação Física, Técnico Desportivo, Treinador Esportivo, Preparador Físico, Personal Trainer, Técnico de Esportes; Treinador de Esportes; Preparador Físico-corporal; Professor de Educação Corporal; Orientador de Exercícios Corporais; Monitor de Atividades Corporais; Motricista e Cinesiólogo.

CAPÍTULO II
Dos Princípios e Diretrizes

Art. 4º - O exercício profissional em Educação Física pautar-se-á pelos seguintes princípios:
I - o respeito à vida, à dignidade, à integridade e aos direitos do indivíduo;
II - a responsabilidade social;
III - a ausência de discriminação ou preconceito de qualquer natureza;
IV - o respeito à ética nas diversas atividades profissionais;
V - a valorização da identidade profissional no campo da atividade física;
VI - a sustentabilidade do meio ambiente;
VII - a prestação, sempre, do melhor serviço, a um número cada vez maior de pessoas, com competência, responsabilidade e honestidade;
VIII - a atuação dentro das especificidades do seu campo e área do conhecimento, no sentido da educação e desenvolvimento das potencialidades humanas, daqueles aos quais presta serviços.
Art. 5º - São diretrizes para a atuação dos órgãos integrantes do Sistema CONFEF/CREFs e para o desempenho da atividade Profissional em Educação Física:
I - comprometimento com a preservação da saúde do indivíduo e da coletividade, e com o desenvolvimento físico, intelectual, cultural e social do beneficiário de sua ação;
II - atualização técnica e científica, e aperfeiçoamento moral dos profissionais registrados no Sistema CONFEF/CREFs;
III - transparência em suas ações e decisões, garantida por meio do pleno acesso dos beneficiários e destinatários às informações relacionadas ao exercício de sua competência legal e regimental;
IV - autonomia no exercício da Profissão, respeitados os preceitos legais e éticos e os princípios da bioética;
V - priorização do compromisso ético para com a sociedade, cujo interesse será colocado acima de qualquer outro, sobretudo do de natureza corporativista;
VI - integração com o trabalho de profissionais de outras áreas, baseada no respeito, na liberdade e independência profissional de cada um e na defesa do interesse e do bem-estar dos seus beneficiários.

CAPÍTULO III
Das Responsabilidades e Deveres

Art. 6º - São responsabilidades e deveres do Profissional de Educação Física:
I - promover uma Educação Física no sentido de que a mesma se constitua em meio efetivo para a conquista de um estilo de vida ativo dos seus beneficiários, através de uma educação efetiva, para promoção da saúde e ocupação saudável do tempo de lazer;
II - zelar pelo prestígio da Profissão, pela dignidade do Profissional e pelo aperfeiçoamento de suas instituições;
III - assegurar a seus beneficiários um serviço profissional seguro, competente e atualizado, prestado com o máximo de seu conhecimento, habilidade e experiência;
IV - elaborar o programa de atividades do beneficiário em função de suas condições gerais de saúde;
V - oferecer a seu beneficiário, de preferência por escrito, uma orientação segura sobre a execução das atividades e dos exercícios recomendados;
VI - manter o beneficiário informado sobre eventuais circunstâncias adversas que possam influenciar o desenvolvimento do trabalho que lhe será prestado;
VII - renunciar às suas funções, tão logo se verifique falta de confiança por parte do beneficiário, zelando para que os interesses do mesmo não sejam prejudicados e evitando declarações públicas sobre os motivos da renúncia;
VIII - manter-se informado sobre pesquisas e descobertas técnicas, científicas e culturais com o objetivo de prestar melhores serviços e contribuir para o desenvolvimento da profissão;
IX - avaliar criteriosamente sua competência técnica e legal, e somente aceitar encargos quando se julgar capaz de apresentar desempenho seguro para si e para seus beneficiários;
X - zelar pela sua competência exclusiva na prestação dos serviços a seu encargo;
XI - promover e facilitar o aperfeiçoamento técnico, científico e cultural das pessoas sob sua orientação profissional;
XII - manter-se atualizado quanto aos conhecimentos técnicos, científicos e culturais, no sentido de prestar o melhor serviço e contribuir para o desenvolvimento da profissão;
XIII - guardar sigilo sobre fato ou informação de que tiver conhecimento em decorrência do exercício da profissão;
XIV - responsabilizar-se por falta cometida no exercício de suas atividades profissionais, independentemente de ter sido praticada individualmente ou em equipe;
XV - cumprir e fazer cumprir os preceitos éticos e legais da Profissão;
XVI - emitir parecer técnico sobre questões pertinentes a seu campo profissional, respeitando os princípios deste Código, os preceitos legais e o interesse público;
XVII - comunicar formalmente ao Sistema CONFEF/CREFs fatos que envolvam recusa ou demissão de cargo, função ou emprego motivadas pelo respeito à lei e à ética no exercício da profissão;
XVIII - apresentar-se adequadamente trajado para o exercício profissional, conforme o local de atuação e a atividade a ser desempenhada;
XVIX - respeitar e fazer respeitar o ambiente de trabalho;
XX - promover o uso adequado dos materiais e equipamentos específicos para a prática da Educação Física;
XXI - manter-se em dia com as obrigações estabelecidas no Estatuto do CONFEF.
Art. 7º - No desempenho das suas funções, é vedado ao Profissional de Educação Física:
I - contratar, direta ou indiretamente, serviços que possam acarretar danos morais para si próprio ou para seu beneficiário, ou desprestígio para a categoria profissional;
II - auferir proventos que não decorram exclusivamente da prática correta e honesta de sua atividade profissional;
III - assinar documento ou relatório elaborado por terceiros, sem sua orientação, supervisão ou fiscalização;
IV - exercer a Profissão quando impedido, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício por pessoa não habilitada ou impedida;
V - concorrer, no exercício da Profissão, para a realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la;
VI - prejudicar, culposa ou dolosamente, interesse a ele confiado;
VII - interromper a prestação de serviços sem justa causa e sem notificação prévia ao beneficiário;
VIII - transferir, para pessoa não habilitada ou impedida, a responsabilidade por ele assumida pela prestação de serviços profissionais;
IX - aproveitar-se das situações decorrentes do relacionamento com seus beneficiários para obter, indevidamente, vantagem de natureza física, emocional, financeira ou qualquer outra.
Art. 8º - No relacionamento com os colegas de profissão, a conduta do Profissional de Educação Física será pautada pelos princípios de consideração, apreço e solidariedade, em consonância com os postulados de harmonia da categoria profissional, sendo-lhe vedado:
I - fazer referências prejudiciais ou de qualquer modo desabonadoras a colegas de profissão;
II - aceitar encargo profissional em substituição a colega que dele tenha desistido para preservar a dignidade ou os interesses da profissão, desde que permaneçam as mesmas condições originais;
III - apropriar-se de trabalho, iniciativa ou solução encontrados por colega, apresentando-os como próprios;
IV - provocar desentendimento com colega que venha a substituir no exercício profissional;
V - pactuar, em nome do espírito de solidariedade, com erro ou atos infringentes das normas éticas ou legais que regem a Profissão.
Art. 9º - No relacionamento com os órgãos e entidades representativos da classe, o Profissional de Educação Física observará as seguintes normas de conduta:
I - emprestar seu apoio moral, intelectual e material;
II - exercer com interesse e dedicação o cargo de dirigente de entidades de classe que lhe seja oferecido, podendo escusar-se de fazê-lo mediante justificação fundamentada;
III - jamais se utilizar de posição ocupada na direção de entidade de classe em benefício próprio, diretamente ou através de outra pessoa;
IV - denunciar aos órgãos competentes as irregularidades no exercício da profissão ou na administração das entidades de classe de que tomar conhecimento;
V - auxiliar a fiscalização do exercício Profissional;
VI - zelar pelo cumprimento deste Código;
VII - não formular, junto a beneficiários e estranhos, mau juízo das entidades de classe ou de profissionais não presentes, nem atribuir seus erros ou as dificuldades que encontrar no exercício da Profissão à incompetência e desacertos daqueles;
VIII - acatar as deliberações emanadas do Sistema CONFEF/CREFs;
IX - manter-se em dia com o pagamento da anuidade devida ao Conselho Regional de Educação Física - CREF.

CAPÍTULO IV
Dos Direitos e Benefícios

Art. 10 - São direitos do Profissional de Educação Física:
I - exercer a Profissão sem ser discriminado por questões de religião, raça, sexo, idade, opinião política, cor, orientação sexual ou de qualquer outra natureza;
II - recorrer ao Conselho Regional de Educação Física, quando impedido de cumprir a lei ou este Código, no exercício da Profissão;
III - requerer desagravo público ao Conselho Regional de Educação Física sempre que se sentir atingido em sua dignidade profissional;
IV - recusar a adoção de medida ou o exercício de atividade profissional contrários aos ditames de sua consciência ética, ainda que permitidos por lei;
V - participar de movimentos de defesa da dignidade profissional, principalmente na busca de aprimoramento técnico, científico e ético;
VI - apontar falhas nos regulamentos e normas de eventos e de instituições que oferecem serviços no campo da Educação Física quando os julgar tecnicamente incompatíveis com a dignidade da Profissão e com este Código ou prejudiciais aos beneficiários;
VII - receber salários ou honorários pelo seu trabalho profissional.
Parágrafo único - As denúncias a que se refere o inciso VI deste artigo serão formuladas ao CREF, por escrito.
Art. 11 - As condições para a prestação de serviços do Profissional de Educação Física serão definidas previamente à execução, de preferência por meio de contrato escrito, e sua remuneração será estabelecida em função dos seguintes aspectos:
I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade do serviço a ser prestado;
II - o tempo que será consumido na prestação do serviço;
III - a possibilidade de o Profissional ficar impedido ou proibido de prestar outros serviços no mesmo período;
IV - o fato de se tratar de serviço eventual, temporário ou permanente;
V - a necessidade de locomoção na própria cidade ou para outras cidades do Estado ou do País;
VI - a competência e o renome do Profissional;
VII - os equipamentos e instalações necessários à prestação do serviço;
VIII - a oferta de trabalho no mercado onde estiver inserido;
IX - os valores médios praticados pelo mercado em trabalhos semelhantes.
§ 1º - O Profissional de Educação Física poderá transferir a prestação dos serviços a seu encargo a outro Profissional de Educação Física, com a anuência do beneficiário.
§ 2º - É vedado ao Profissional de Educação Física oferecer ou disputar serviços profissionais mediante aviltamento de honorários ou concorrência desleal.

CAPÍTULO V
Das Infrações e Penalidades

Art. 12 - O descumprimento do disposto neste Código constitui infração disciplinar, ficando o infrator sujeito a uma das seguintes penalidades, a ser aplicada conforme a gravidade da infração:
I - advertência escrita, com ou sem aplicação de multa;
II - censura pública;
III - suspensão do exercício da Profissão;
IV - cancelamento do registro profissional e divulgação do fato.
Art. 13 - Incorre em infração disciplinar o Profissional que tiver conhecimento de transgressão deste Código e omitir-se de denunciá-la ao respectivo Conselho Regional de Educação Física.
Art. 14 - Compete ao Tribunal Regional de Ética - TRE - julgar as infrações a este Código, cabendo recurso de sua decisão ao Tribunal Superior de Ética - TSE.
Parágrafo único - Atuarão como Tribunais Regionais de Ética e Tribunal Superior de Ética, respectivamente, os Conselhos Regionais de Educação Física e o Conselho Federal de Educação Física.

CAPÍTULO VI
Disposições Finais

Art. 15 - O disposto neste Código atinge e obriga igualmente pessoas físicas e jurídicas, no que couber.
Art. 16 - O registro no Sistema CONFEF/CREFs implica, por parte de profissionais e instituições e/ou pessoas jurídicas prestadoras de serviços em Educação Física, total aceitação e submissão às normas e princípios contidos neste Código.
Art. 17 - Com vistas ao contínuo aperfeiçoamento deste Código, serão desenvolvidos procedimentos metódicos e sistematizados que possibilitem a reavaliação constante dos comandos nele contidos.
Art. 18 - Os casos omissos serão analisados e deliberados pelo Conselho Federal de Educação Física.