sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Mitos sobre emagrecimento: não exagere em exercícios e remédios

O excesso de exercícios é um engano que costuma se cometer no desespero em perder peso.

Sidney Rezende
Emagrecer rápido demais é uma falta de cuidado enorme com o nosso corpo. Querer perder 10 quilos que ganhamos em vários meses em apenas uma semana agride nossa saúde consideravelmente. Quando queremos emagrecer, é preciso ter em mente que assim como não ganhamos peso de um dia para o outro, a mesma regra se aplica para perder alguns quilos.

"A primeira coisa que devemos levar em conta no processo de emagrecimento é a velocidade com que o nosso organismo queima gordura", diz o pesquisador da Escola de Educação Física e Esportes da Universidade de São Paulo e especialista em treinamento esportivo Rodrigo Ferraz à revista "SAÚDE". "Eliminar mais de um quilo por semana, na maioria das vezes, significa que estamos perdendo muito mais do que gordura", explica.

"Quando não há tempo suficiente para se adaptar às mudanças, o corpo reage de forma negativa. E é assim que aparecem os problemas", completa a nutricionista Catarina Stocco, especialista em nutrição clínica funcional. Ela também diz que quando perdemos peso com muita rapidez, o fígado pode ser prejudicado, além de ficarmos vulneráveis a termos anemia, mal-estar, fraqueza e até mesmo pedras na vesícula.

Mitos sobre emagrecimento

Muitas pessoas acreditam que vomitar aquilo que comeu vai eliminar as calorias ingeridas. Isso é mito. Apenas a água é eliminada. Desta forma, além de não emagrecer, a pessoa ainda pode ficar desidratada. Com relação aos laxantes e diuréticos o raciocínio é o mesmo: perda de líquidos e sais minerais. "Esses remédios podem provocar desidratação, redução dos níveis de potássio, cálcio e magnésio no sangue. O indivíduo pode apresentar arritmias cardíacas, fraqueza muscular e até ter uma parada cardíaca", diz a nutricionista da PB Consultoria, em São Paulo, Paula Crook.

O excesso de exercícios também é outro engano que se costuma cometer no desespero em perder peso. "Praticar todos os dias o mesmo esporte gera fadiga osteomuscular e facilita o aparecimento de lesões", diz Rodrigo Ferraz. O ideal é praticar diferentes exercícios a cada dia, em modalidades e intensidades diferentes. Isso porque ganhamos massa muscular, fortalecimento dos ossos e perdemos gordura no período de descanso. Se não temos este tempo, ocorre o processo contrário, conhecido como catabolismo, no qual perdemos massa muscular de maneira generalizada e ainda aumentamos o estímulo para depósito de gorduras.

Culto excessivo ao corpo é sinal de Vigorexia

Quem sofre de vigorexia tem um apelo estético muito grande. Dificilmente quem está focado na saúde acaba viciado em exercício

Bonde News
 
No começo, a estudante Pamela (nome fictício) ia à academia três vezes por semana. Depois, começou a freqüentar a academia cinco vezes por semana, duas vezes por dia. Comprou pesos e equipamentos e decorou a sequência de exercícios para repetir tudo também no domingo, quando a academia estava fechada. Quando a moça começou a acordar de madrugada para correr antes de malhar, a mãe desconfiou que alguma coisa estava errada. Ao conversar com profissionais de Educação Física, ela descobriu que a filha poderia ser uma vítima de vigorexia, um transtorno de comportamento que ocorre quando o volume e a intensidade da prática de exercícios físicos excedem a capacidade de recuperação da pessoa. O problema geralmente está associado a uma auto-imagem distorcida, ou seja, a pessoa nunca está satisfeita com a própria aparência.

O professor Raymundo Pires, do curso de Educação Física da Unopar, já viu vários casos semelhantes ao de Pamela. "O exercício físico depende muito da maneira como a pessoa se vê; normalmente quem sofre de vigorexia tem um apelo estético muito grande. Dificilmente quem está focado na saúde acaba viciado em exercício", explica Pires.

Já se sabe que a prática de exercício físico estimula a produção de algumas substâncias, como a endorfina, que produzem uma sensação de bem-estar. Pesquisas recentes mostram que essas substâncias também produzem euforia, melhoram a memória, o bom humor, aumentam a resistência, aliviam dores e têm efeito antienvelhecimento. "É normal a gente sentir falta do exercício quando está habituado a ter alguma atividade física. Isso não significa que a pessoa está viciada em exercício. O problema começa quando o exercício se transforma em uma obsessão", pondera o professor.

Pessoas como Pamela não podem ficar nem um dia sem se exercitar e se sentem culpadas se, por qualquer motivo, seu rendimento físico diminui. "Outros hormônios (as catecolaminas) que são estimulantes podem se tornar estressantes quando a pessoa ultrapassa seus limites físicos", alerta Pires.

A primeira prejudicada é a saúde

Quando a atividade física deixa de estar focada no bem estar e no prazer e se transforma em obsessão, a primeira prejudicada é a saúde. "Qualquer profissional da área de Educação Física conhece bem o conceito de dose-resposta. Para entender isso pense no exercício como se fosse um medicamento, um antibiótico, por exemplo. Ele deve ser tomado em uma dose e num intervalo de tempo especificados para que o efeito seja o melhor. Se você aumentar aleatoriamente a dose ou diminuir o intervalo da medicação, ela não vai ter um efeito maior nem melhor. Ao contrário, o efeito não será aquele desejado. Isso também funciona para o exercício físico. Existe uma dose ideal em que a resposta é altamente positiva; se a dose for menor ou maior, a resposta não será tão boa", indica o professor. Embora a dose varie de pessoa para pessoa, existem padrões pré-definidos por idade, peso e sexo.

Às vezes, o exercício que pode melhorar a saúde também pode acabar com ela. O professor Pires já viu casos de pessoas que adoeceram por causa da vigorexia. "Uma mulher ficou tão obcecada em perder peso que entrou numa maratona absurda de exercícios, sem cuidar da dieta. Ficou anoréxica e não se recuperou mais", lembra.

A vigorexia é considerada um transtorno obsessivo-compulsivo e dificilmente as pessoas afetadas por esse comportamento conseguem admitir que precisam de ajuda. Alguns sinais podem servir de alerta para amigos e familiares:

• Preocupação excessiva com a aparência

• Insatisfação constante e auto-imagem distorcida (a pessoa sempre quer emagrecer mais, ficar mais forte, mais musculosa...)

• Fixação no desempenho físico (quantos kms correu, quantos metros nadou, quanto peso levantou...)

• A pessoa se sente culpada se deixa de se exercitar ou se o desempenho físico diminui

• Exercício físico se torna o assunto principal nas conversas

• A pessoa começa a trocar programas de lazer por exercícios programados

• Restrições severas na dieta

• Falta de sono, irritabilidade, falta de concentração

Atletas não servem de exemplo

Para as pessoas que têm na atividade física uma profissão ou um objetivo definido, os limites são diferentes. Os atletas trabalham focados em alvos – campeonatos, torneios, jogos, competições, e sempre têm uma equipe de profissionais que os acompanham. Eles se exercitam com planejamento, sob supervisão e têm metas para alcançar. Por isso não servem de parâmetro para as outras pessoas, que buscam a atividade física para melhorar a qualidade de vida. Para elas, o professor Pires tem uma dica simples que pode servir de limite: "O exercício físico precisa dar prazer. A atividade física deve estar focada na saúde. Se ela começar a se tornar obsessiva e trouxer culpa e cobrança, é sinal de doença".

Fonte: http://www.educacaofisica.com.br/noticias/culto-excessivo-ao-corpo-e-sinal-de-vigorexia

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Portador de fibromialgia poderá ter jornada de trabalho reduzida

Comunidade médica tem orientado, como parte do tratamento não medicamentoso, o estímulo à prática de atividades físicas 

 O portador de fibromialgia (dor crônica que se manifesta principalmente nos tendões e nas articulações) poderá ter a jornada de trabalho reduzida em quatro horas, condicionada à comprovação da prática de atividade física. É o que prevê o Projeto de Lei 2680/11, do deputado Miriquinho Batista (PT-PA), que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT-Decreto Lei 5452/43).

Segundo o parlamentar, os sintomas da doença são agravados nos sedentários, que se cansam mais facilmente e sentem mais dor. “Como consequências temos má postura, queda no desempenho, maior dificuldade para realizar atividades diárias, desânimo e angústia. Assim a comunidade médica tem orientado, como parte do tratamento não medicamentoso, o estímulo à prática de atividades físicas”, afirma.

Qualidade de vida

Miriquinho Batista afirma que a sociedade brasileira elegeu como fundamento de sua existência a dignidade da pessoa humana. Para o deputado, é necessário “perceber as necessidades de grupos de cidadãos que, em virtude de serem portadores de doenças crônicas, demandam tempo para investir em qualidade de vida e prevenção do avanço dos quadros de enfermidade”.

Tramitação

A matéria tramita em caráter conclusivo e será examinada pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Íntegra da proposta:PL-2680/2011

Por Reportagem- Oscar Telles e Edição- Mariana Monteiro

Fonte: http://www.educacaofisica.com.br/noticias/portador-de-fibromialgia-podera-ter-jornada-de-trabalho-reduzida

Para jovens, abrir mão de anabolizantes significa renegar beleza e força

Os esteróides anabolizantes e os complexos vitamínicos veterinários provocam um vício peculiar. O usuário fica focado nos seus resultados. À medida que se vê o corpo se transformando, mais se quer aumentar os músculos

O vigilante Sérgio*, hoje aos 26 anos, procurou a musculação muito menos pela saúde que pela estética. Tinha 18 anos, 1,75 metro, 50 quilos e nenhum conhecimento sobre anabolizantes. Queria poder ter, pelo menos, mais que pele cobrindo as estruturas do corpo. Quem mostrou o caminho foram os próprios instrutores da academia. Ao invés de buscar um nutricionista ou um médico do esporte, o jovem procurou medicamento que fizesse milagre. E o milagre foi feito. As conseqüências também não tardaram.

Em pouco menos de um ano, passou de 50 para 95 quilos. Sentia-se seguro. E não precisava de muito esforço para ver inchar os músculos onde aplicava o polivitamínico veterinário. Até que abscessos começaram a surgir em cada ponto onde injetava o ADE (união das vitaminas A, D e E, em doses altíssimas). Mesmo com o alerta de um médico, amigo seu, de que tumores são os primeiros sinais de uma infecção grave, não é o objetivo de Sérgio parar de usar.

“Não vou parar porque, até agora, só vi bons resultados”, delimita Sérgio. “É natural o jovem não querer largar um medicamento quando o remédio lhe trouxe ‘bem’, entre aspas. Ele só vai entender as conseqüências quando elas realmente se agravarem”, aponta o psicólogo Fábio Marques Nogueira. Segundo o psicólogo, é mais difícil para um jovem deixar de usar medicamentos que aparentemente só lhe trouxeram coisas boas. “Na juventude, a aparência é algo muito importante. Principalmente se os esteróides forem tomados na fase da adolescência, anterior ao desenvolvimento muscular. O jovem acredita que, sem esses medicamentos, jamais teria massa muscular”, informa.

Para a professora do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor), Sabrina Matos, produzir um corpo malhado, sarado, perfeito, é a busca de muitos - não somente adolescentes. “No geral, os estudos apontam a faixa de 20 a 30 anos como a que mais abusa desse tipo de droga”. A professora pontua que os anabolizantes entram em cena como toda droga, com o diferencial de que o usuário não se considera um viciado. Ele acha que pode parar o uso no momento em que quiser.

Dependência

“Abdicar disso (das melhoras aparentes causadas pelo uso de esteróides anabolizantes) pode ser algo muito difícil, como é muito difícil deixar de lado qualquer outra substância química”, analisa. A dificuldade, conforme a professora, é que retirar a droga significa renegar vários valores, como o da beleza, da sexualidade, da força. “E isso não é fácil”.

O vício provocado pelos anabolizantes está muito mais ligado aos resultados que eles provocam. Não é a dependência química, como outras drogas. Segundo o professor do curso de Educação Física da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Vilar, com o passar do tempo, os resultados esperados não são os obtidos. “Não é o medicamento que vicia, é o corpo que se acostuma. Cada vez mais você precisa de doses maiores para atender os resultados esperados”, informa Vilar.

Os esteróides anabolizantes são medicamentos indicados para perdas musculares em conseqüência de doenças como leucemia e aids. A bula aponta conseqüências drásticas para quem toma doses pequenas, como as recomendadas para os pacientes com problemas graves. Para obter corpos acima do natural, é preciso multiplicar por vários números o consumo do medicamento.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA
Para um jovem que tomou as primeiras doses de anabolizante no início do desenvolvimento muscular é bem mais difícil, no geral, que eles abandonem o esteroide que os adultos. Eles acreditam que não conseguiriam desenvolver músculos apenas com exercício.

Saber ouvir
Segundo a professora do curso de Psicologia da Unifor, Sabrina Matos, é importante que os pais saibam ouvir, estar presente, participem da rotina dos filhos. “Hoje em dia os pais quase não veem os filhos. Creche todos os dias das 7 às 17 horas. Nas férias: Colônia de Férias, quase não se dá mais atenção aos filhos”.

Aumento de músculos
Segundo médicos e profissionais de educação física, os primeiros sinais que podem ser notados é o aumento muito rápido dos músculos da pessoa que usa anabolizantes. Em geral, um aumento fora do comum nos primeiros três meses. Para os homens, uma maior agressividade. Para as mulheres, engrossamento da voz, aparecimento de pelos.

Minoria
O professor do curso de Educação Física da Universidade Federal do Ceará, José Vilar, aponta que é uma minoria os profissionais de Educação Física que tem contato com o mercado ilegal de esteroides anabolizantes.

* nome fictício para preservar o entrevistado.

Por Angélica Feitosa
Fonte: http://www.educacaofisica.com.br/noticias/para-jovens-abrir-mao-de-anabolizantes-significa-renegar-beleza-e-forca